O Brasil vive um momento de aceleração na eletromobilidade, refletido nos números crescentes de vendas de veículos eletrificados leves em 2024. Em outubro, foram emplacados 16.033 desses veículos, consolidando o mês como o terceiro melhor da série histórica da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). No acumulado do ano, de janeiro a outubro, o país já registra 138.581 vendas de veículos eletrificados, um aumento de 48% em comparação com o total do ano passado, que foi de 93.927 unidades.Um dos fatores impulsionadores desse mercado, segundo a ABVE, é a expansão da infraestrutura de recarga no país. Em agosto, o Brasil contava com 10.622 pontos de carregamento público e semipúblico, sendo 9.506 de corrente alternada (AC) e 1.109 de corrente contínua (DC). Esse crescimento na infraestrutura, por outro lado, se alinha ao aumento na demanda por veículos plug-in, que representaram 70% das vendas em outubro. A presença de mais pontos de recarga, especialmente os de carga rápida (DC), é vista como essencial para sustentar o crescimento do mercado de eletrificados, uma vez que os veículos plug-in demandam um abastecimento mais acessível e rápido.Além dos avanços nas capitais, a eletromobilidade está se expandindo para o interior do país. Dados da ABVE mostram que 46% das vendas de veículos eletrificados leves entre janeiro e outubro de 2024 foram realizadas fora das capitais, com 74% desses veículos sendo modelos plug-in. A interiorização, segundo a instituição é uma tendência crescente, impulsionada por investimentos de montadoras e empresas, que visam levar a tecnologia de veículos elétricos para novas regiões e ampliar o alcance desse mercado.Por outro lado, desafios importantes permanecem no caminho do crescimento sustentável da eletromobilidade no Brasil. Um dos principais entraves está na falta de um marco regulatório claro e de políticas públicas unificadas, que poderiam incentivar investimentos no setor, segundo a ABVE. A ausência de um Plano Nacional de Eletromobilidade também limita o desenvolvimento do mercado, assim como o baixo investimento em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento. Além disso, as linhas de crédito e incentivos financeiros, embora existam, ainda não são suficientemente atrativas para fomentar um número maior de projetos e aquisição de veículos elétricos.Apesar desses desafios, o Brasil tem características únicas que favorecem a transição para a eletromobilidade. A matriz energética brasileira, por exemplo, é a mais renovável do G20, o que contribui para reduzir o impacto ambiental dos veículos elétricos. Outro ponto positivo é o interesse dos consumidores por novas tecnologias e a disposição das empresas em investir na produção local de veículos elétricos e na infraestrutura de recarga. O país também possui uma base industrial diversificada e uma cadeia produtiva sólida, especialmente no segmento de ônibus elétricos, além de sinergias com as indústrias de etanol e biocombustíveis. A presença de reservas de minerais estratégicos no Brasil também posiciona o país como um potencial fornecedor importante para a cadeia de eletromobilidade."Nós temos a matriz de geração de eletricidade mais renovável do G20, os consumidores brasileiros são amigáveis às novas tecnologias, as empresas estão dispostas a investir em infraestrutura de recarga e produção local de veículos elétricos. Além disso, temos uma base industrial relativamente diversificada e uma sólida cadeia produtiva nacional de ônibus elétricos, temos também sinergias com indústria de etanol e biocombustíveis e reservas de minerais estratégicos" ressalta Ricardo Bastos, presidente da ABVE.